Mais uma vez, o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino (Republicanos), decidiu colocar lenha na fogueira da sucessão estadual de 2026 — e, como de costume, o alvo indireto é o Palácio da Redenção. Em entrevista à TV Arapuan nessa segunda-feira (26), Galdino elevou o tom e praticamente condicionou a permanência do Republicanos na base aliada à garantia de que o partido terá a cabeça de chapa na próxima disputa pelo Governo do Estado.
“Se o Republicanos não tiver a cabeça de chapa, será um sinal claro de desvalorização”, disparou, numa declaração que parece mais uma tentativa de emparedar o governador João Azevêdo (PSB) do que propriamente dialogar.
A fala traz à tona um questionamento inevitável: Galdino já combinou isso com o PSB e com o próprio governador? Ou segue tentando, de forma reiterada, empurrar sua tese de protagonismo goela abaixo da base governista, como quem dita as regras de um jogo ainda em formação?
A insistência do presidente da Assembleia em repetir que “se o Republicanos permanece no governo, a vitória é certa. Se sai, é certeza de derrota” soa, no mínimo, como uma pressão desmedida — especialmente para um campo político que ainda tenta se manter coeso e focado na gestão. Para alguns, esse discurso mais afasta do que agrega.
Galdino não mede palavras ao citar que, em 2022, seu partido apoiou o PP e o PSB mesmo sem ter nome na majoritária, como se esse gesto garantisse agora uma vaga por direito adquirido. O problema é que a lógica da política não obedece apenas à contabilidade das alianças passadas, mas também à dinâmica atual dos interesses, alianças e, principalmente, da popularidade dos nomes postos.
A pressão pública por um protagonismo garantido pode até agradar setores do Republicanos, mas a dúvida continua: essa pré-candidatura já foi conversada de forma honesta com João Azevêdo ou é só mais um balão de ensaio, típico de quem prefere anunciar para a imprensa antes de negociar com os aliados?