A eleição da deputada estadual Cida Ramos para a presidência do Partido dos Trabalhadores (PT) na Paraíba representa muito mais do que uma simples troca de comando. Na prática, Cida assume a ingrata, porém necessária, missão de tentar devolver ao PT o protagonismo político que o partido perdeu — ou talvez nunca tenha efetivamente conquistado — no estado.
É inegável: o PT da Paraíba vive, há anos, à margem dos grandes debates e das disputas reais pelo poder. Basta olhar os números. Atualmente, a legenda conta com apenas um único prefeito em todo o estado, um dado simbólico e constrangedor para um partido que, no plano nacional, governa o Brasil e ocupa o centro das discussões políticas.
Nas eleições estaduais e municipais, o PT paraibano se acostumou ao papel de coadjuvante, muitas vezes servindo apenas de figurante ou de legenda de apoio em alianças em que pouco influencia de fato. Não há, há muito tempo, a construção de um grande quadro capaz de mobilizar, entusiasmar e representar o partido como força relevante na política local.
Cida Ramos, mulher de trajetória firme, combativa e com raízes nos movimentos sociais, chega à presidência do partido com a missão de mudar esse cenário. E o desafio é imenso.
Fortalecer a legenda nas bases, construir candidaturas competitivas, ampliar o diálogo com outros campos políticos e, sobretudo, apresentar ao eleitorado paraibano um PT que vá além do discurso nacional — esse é o roteiro necessário se o partido quiser, de fato, deixar de ser espectador e voltar a disputar espaço com protagonismo.
A tarefa está posta: ou o PT da Paraíba se reinventa com Cida Ramos, ou continuará assistindo o jogo político do estado da arquibancada.