Opinião – Adriano Galdino: da ascensão política ao apetite pelo poder

A trajetória de Adriano Galdino na política paraibana é uma história digna de análise. Nascido em Pocinhos, pequena cidade do Cariri da Paraíba, ele construiu sua carreira política sem padrinhos influentes ou heranças políticas, saindo de uma infância humilde – vendendo “confeito” – para se tornar um dos homens mais poderosos do Estado. Mas, assim como sua ascensão meteórica impressiona, também chama atenção sua incansável busca por mais poder, sempre com jogadas calculadas no tabuleiro político.

O arquiteto da própria fortuna política

A atuação política de Adriano Galdino teve início em 1988, quando eleito vereador da cidade de Pocinhos pelo PMDB. Na disputa, foi o segundo vereador mais votado, e, desde então, traçou uma linha ascendente sem interrupção. Em 1992, Adriano foi eleito no cargo de prefeito da cidade, função que exerceu de 1993 a 1996. Anos depois, conseguiu eleger e reeleger sua esposa, Eliane Galdino, como prefeita da cidade.

Em 2000, Adriano é eleito novamente prefeito de Pocinhos. Sendo reeleito em 2004.

No ano de 2010, Adriano Galdino é eleito para o cargo de deputado estadual, e foi na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) que mostrou sua verdadeira força de articulação. Em 2014, é reeleito no cargo de deputado, e, nas eleições internas da Casa Epitácio Pessoa, foi eleito presidente para o biênio 2015-2016. Posteriormente, foi reeleito para os biênios 2019-2020 e 2021-2022. Em 2022, foi reconduzido ao cargo para os biênios 2023-2024 e 2025-2026.

Em 2023, com um movimento estratégico, garantiu sua reeleição para a presidência da ALPB, antecipando-se a uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a validade da eleição antecipada de Mesas Diretoras. Com isso, consolidou um perfil de gestor e permanecerá no comando da Assembleia por oito anos consecutivos, algo inédito na história política da Paraíba.

Além disso, a ALPB ganhou relevância e se aproximou mais da população, fortalecendo sua imagem institucional e ampliando sua atuação no debate público.

Outro feito importante foi a articulação para a eleição de seu irmão, Murilo Galdino, como deputado federal em 2022, com 112.891 votos, ampliando ainda mais a influência da família Galdino na política paraibana.

O grande articulador

O deputado também soube jogar o xadrez político de forma precisa e ousada. No início de 2024, surpreendeu a todos ao anunciar sua pré-candidatura ao governo do Estado em 2026 pelo Republicanos, antes mesmo de qualquer movimentação de outros postulantes. A jogada foi vista como uma estratégia para se posicionar no centro das discussões e obrigar outros atores a considerá-lo nas articulações futuras.

Além disso, Galdino contribuiu para ampliar a força do Republicanos na Paraíba, garantindo a maior bancada federal e estadual do estado, além de mais de 50 prefeitos filiados à legenda.

Quando o governador João Azevêdo (PSB), que é figura central na articulação política do estado e principal líder na construção de alianças que vão da direita democrática à esquerda, declarou que, caso concorra ao Senado em 2026, o vice-governador Lucas Ribeiro seria seu “candidato natural” ao governo, Galdino não hesitou em se posicionar, sendo o único do agrupamento político de João a esticar a corda e “incomodar” o gestor estadual.

Como liderança do Republicanos, tem reivindicado duas vagas na chapa majoritária para seu partido: uma para o governo do estado e outra para o Senado.

Ambição sem freio?

Se por um lado Adriano Galdino se consolidou como um político de força indiscutível, por outro, a sede por poder também gera questionamentos e resistências.

Nos bastidores, a movimentação que indicou o nome de sua filha, Allana Galdino, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB), nessa sexta-feira (15), acendeu um alerta e escancarou um novo patamar de avanço político-familiar. A indicação de um nome tão ligado ao presidente da ALPB para um cargo vitalício na Corte de Contas não pode ser vista apenas como um movimento natural de articulação. Trata-se, na prática, de um passo agressivo em direção ao controle de mais uma esfera do poder público.

O que deveria ser um jogo democrático saudável se torna, cada vez mais, um projeto de poder personalista, onde poucas decisões passam sem sua chancela.

O problema de figuras que acumulam tanto poder por tanto tempo é que, uma hora, a resistência surge. E, quando isso acontece, a queda pode ser tão grande quanto a ascensão.

Se a estratégia de sua carreira política é impressionante, a preocupação também cresce. Seria Galdino um político visionário ou estaria indo longe demais em sua busca incessante por protagonismo?

O futuro responderá.

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