Opinião – Progressista só no nome? O voto de Mersinho Lucena e o retrocesso do PL da Anistia

O que significa, afinal, ser “progressista”? Defender avanços sociais, respeitar as instituições democráticas, promover a justiça e os direitos humanos? Se essa ainda for a definição, então é preciso dizer que o deputado federal Mersinho Lucena (PP) anda muito distante do significado da legenda que estampa no seu partido.

Na noite dessa quinta-feira (10), Mersinho foi um dos três parlamentares paraibanos que assinaram o pedido de urgência para o PL da Anistia, projeto que tenta perdoar os responsáveis pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Colocar esse texto para andar “com urgência” é, na prática, validar uma tentativa de golpe e reescrever a história recente do país com tintas de impunidade.

O pedido foi encampado pela oposição bolsonarista, encabeçada pelo PL. E ao lado de Cabo Gilberto e Wellington Roberto, dois nomes assumidamente fiéis ao bolsonarismo mais radical, estava Mersinho Lucena, deputado de um partido que se diz “Progressistas”, que ocupa o Ministério do Esporte no governo Lula, e que, aqui na Paraíba, está aliado ao governador João Azevêdo (PSB) — um gestor que, de fato, tem conduzido um governo reconhecido por sua pauta social e administrativa equilibrada.

A contradição é gritante.

Como pode alguém, cuja atuação parlamentar está alinhada a um governo estadual considerado progressista, que preza pela democracia e o desenvolvimento humano, se unir a um projeto que tenta apagar os crimes cometidos contra o próprio Estado Democrático de Direito?

A pergunta que não quer calar: é uma posição de convicção ou conveniência? Porque, na Paraíba, o discurso é moderado, institucional, focado em avanços administrativos. Mas em Brasília, o deputado endossa uma pauta de retrocesso, uma anistia que soa mais como absolvição política de aliados do bolsonarismo.

É verdade que seu pai, o prefeito Cícero Lucena, teve no passado ligações com partidos como o PSDB, e não escondia suas críticas à esquerda. Mas ao longo dos anos, o próprio Cícero buscou construir pontes, adotou posturas mais centristas e hoje atua como um dos principais aliados do PSB no estado, tendo sido, inclusive, reeleito prefeito com o apoio do PT. De Mersinho, esperava-se ao menos coerência.

O partido Progressistas, que carrega no nome uma promessa de avanço, precisa decidir se vai continuar flertando com pautas retrógradas ou se, de fato, quer honrar o que representa. O mesmo vale para seus quadros.

O que está em jogo não é apenas a tramitação acelerada de um projeto. É o tipo de democracia que se deseja para o Brasil — uma onde atos golpistas são punidos com o rigor necessário, ou uma onde se passa a mão na cabeça de quem tentou rasgar a Constituição.

Assinar esse pedido de urgência é muito mais do que um gesto político. É um recado. E o recado de Mersinho Lucena foi claro: o “progressismo” do seu partido, pelo menos nesse caso, ficou só no nome.

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