Nas últimas semanas, Republicanos e Progressistas têm protagonizado uma movimentação intensa nos bastidores da política paraibana. Ambos os partidos se apresentam como peças centrais na disputa pela sucessão do governador João Azevêdo (PSB) em 2026. Falam como se a eleição já estivesse definida entre eles. Mas há um detalhe — talvez o mais relevante — que parece estar sendo convenientemente ignorado: a gestão do PSB, que é, na prática, a responsável pela estabilidade política e os avanços sociais no estado nos últimos anos.
De um lado, o Republicanos insiste na narrativa de que é a força mais estruturada da base e, por isso, merece encabeçar a chapa. Os nomes do deputado federal Hugo Motta e do presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, surgem como alternativas naturais. De outro, o PP vive sua própria disputa interna, com o vice-governador Lucas Ribeiro e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, demonstrando disposição para entrar no páreo.
A julgar pelas declarações de lideranças dessas duas legendas, parece que o PSB é apenas um detalhe no tabuleiro — quando, na verdade, é a âncora de todo esse projeto. João Azevêdo, com seu perfil técnico e compromisso com políticas públicas de base, conduziu uma gestão marcada por equilíbrio fiscal, investimentos em educação, saúde e infraestrutura e uma postura de diálogo federativo que se distancia da velha política. Essa gestão é o verdadeiro sustentáculo da base aliada.
O que está em jogo não é só a cadeira de governador, mas a continuidade de um modelo de governar. Republicanos e PP precisam responder com clareza: em caso de vitória, pretendem manter esse modelo? Ou vão desviar para agendas alinhadas com o centrão fisiológico, com práticas que priorizam a ocupação de espaços por conveniências partidárias?
Ambos os partidos, vale lembrar, integram o centrão a nível nacional. O PP, apesar de contar com ministério no governo Lula, tem vínculos históricos com o bolsonarismo — basta lembrar que seu presidente, Ciro Nogueira, foi um dos pilares do governo Bolsonaro. Já o Republicanos, com sua retórica de protagonismo, busca ocupar espaço, mas não deixa claro qual projeto de estado pretende apresentar. A pergunta que fica: é só sobre quem senta na cadeira ou sobre o que será feito com o poder?
É preciso reconhecer que o PSB, com todos os seus limites, vem conseguindo articular uma gestão voltada ao social, com políticas públicas efetivas e um estilo que rompe com práticas clientelistas do passado. A condução da máquina pública com responsabilidade e foco em resultados sociais é, ou deveria ser, o grande trunfo para a próxima eleição — e não apenas o peso eleitoral de legendas que orbitam o poder conforme a conveniência.
Republicanos e PP têm todo o direito de apresentar seus nomes. Mas não podem querer sequestrar o debate como se fossem os únicos legitimados a discutir a sucessão. A política exige maturidade, e o povo paraibano — que reelegeu João Azevêdo com folga — saberá avaliar não só o rosto do candidato, mas o projeto que ele representa. E, até agora, o projeto que mais tem entregado resultados é o do PSB.