Em um momento em que o Brasil ainda cicatriza as feridas do atentado à democracia ocorrido em 8 de janeiro de 2023, é da Paraíba que vem um gesto de firmeza institucional e compromisso com o Estado Democrático de Direito. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), tem sinalizado com clareza que não cederá à pressão bolsonarista para pautar a PEC da Anistia — uma tentativa vergonhosa de apagar as digitais de quem protagonizou uma verdadeira baderna institucional por não aceitar o resultado legítimo das urnas.
Na contramão da pressão promovida pelo Partido Liberal, que ameaça obstruir votações caso a proposta não avance, Hugo Motta tem adotado a postura de um verdadeiro guardião da democracia. “Saúde, educação, segurança e redução da inflação. Essas são as pautas que o brasileiro quer discutir”, escreveu ele nas redes sociais, lembrando ao país — e a seus pares — que há temas muito mais urgentes e nobres a serem debatidos no Congresso Nacional.
A atitude de Motta, mais do que política, é simbólica. Representa o cumprimento de um compromisso público feito no ato de sua posse, quando empunhou a Constituição Federal diante do plenário da Câmara e ecoou, com firmeza, a célebre frase de Ulysses Guimarães: “Tenho ódio e nojo à ditadura”. Na ocasião, deixou claro que sua presidência estaria a serviço da democracia, da independência entre os Poderes e da harmonia institucional. Agora, ele demonstra que aquelas palavras não foram vazias.
Ao, pelo menos, sinalizar que vai recusar, ainda que sob intensa pressão, a inclusão da anistia golpista na pauta da Casa, Hugo Motta honra o papel que ocupa. Não se trata de exaltar o parlamentar em si, mas sim a coragem da atitude tomada por alguém que reconhece a gravidade do que aconteceu em 8 de janeiro e entende que não há espaço para perdão a quem atacou os pilares do Estado brasileiro.
O Brasil assistiu estarrecido à destruição de prédios públicos, à tentativa de ruptura institucional e à violência motivada pelo inconformismo com a derrota eleitoral. Oferecer anistia a esses atos seria um retrocesso histórico, uma anulação da memória recente e um incentivo a novas investidas antidemocráticas.
É importante ressaltar que Hugo Motta não está agindo isoladamente ou com autoritarismo. Ele tem dialogado com lideranças da direita e da esquerda, como os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Lindbergh Farias (PT-RJ), para construir uma posição de equilíbrio. Mas deixou claro que a decisão final não virá com pressa, tampouco por pressão.
Que fique registrado: da Paraíba, terra de coragem e resistência, ergue-se uma voz que não se curva ao autoritarismo. Em tempos de relativização de princípios, é revigorante ver um parlamentar nordestino, jovem e comprometido, sinalizando que o Brasil precisa de união, de pautas que aproximem e não que reacendam o extremismo. Que sua atitude inspire outros líderes a colocarem a democracia em primeiro lugar — sempre.